terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cativar e ser cativado.

No primeiro dia de aula do ano, lá estava eu e as minhas pirigas, digo, amigas almoçando felizes e contentes. Quando, de repente, passa por mim uma garota que estudava na mesma escola que eu há uns dois anos atrás. Vai entender, mas eu fiquei com raiva. Porque ela estava na minha escola nova, sabe, MINHA, era assim que eu pensava. A antipatia começou dali, nem eu nem as minhas amigas íamos com a cara daquela caloura, e na boa, não tínhamos motivo nenhum pra isso. O tempo passou, e por coisas que o destino aprontou, acabamos ficando na mesma sala.
Preciso dizer que fiquei muito irritada com isso? Creio que não. Eu sempre fui uma pessoa difícil, tímida e anti-social. Sempre precisei que as pessoas me cativassem primeiro, que me provassem ter algo especial, aí sim eu me aproximaria. Agora eu vejo como estive errada, porque além de ter errado nos meus julgamentos inúmeras vezes, eu não procuro me aproximar das pessoas, não tento mostrar quem eu sou. E eu percebi que isso não estava me ajudando em nada. Quando eu comecei a conversar com a caloura, eu entendi por que não gostava dela.
Não gostava dela porque ela é do tipo de pessoa que cativa os outros, que tem várias pessoas que gostam dela de primeira, porque ela faz isso naturalmente. Eu não vejo falsidade nela, e nunca consegui ser tão solta assim. Hoje em dia eu tenho ela como exemplo, de verdade, porque eu acho que é algo que eu tenho que melhorar em mim. Tenho que parar de fazer julgamentos precoces e tenho que dar uma chance das pessoas me mostrarem seu lado bom, ao invés de ficar esperando que venham até a mim. É difícil sim, perceber e admitir isso tudo não foi fácil. Mas eu acho que nós não estamos nesse mundo a toa, acho que é para aprender algo, e tentar melhorar sempre que puder. Não em busca da perfeição, mas de ser apenas uma pessoa melhor no mundo, apenas para talvez algum dia, servir de exemplo para alguém.
Foi isso que eu aprendi com aquela menina que eu tanto detestava.

Georgia Nicolson



"Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca."
Clarice Lispector

2 comentários:

tacão disse...

ahazzou, Georgia (da Europa Oriental, rs, brimks)

Clara disse...

Eu sou meio assim também, não consigo me aproximar das pessoas e sempre as acho meio banais e iguais, como se todas fossem uma cópia de algo que se perdeu a muito tempo, e cada cópia vai perdendo a qualidade de acordo com a diminuição do seu grau de contato com a primeira.
Claro que existem aquelas realmente especiais, que fogem da regra das cópias, mas nem sempre estamos dispostas a conviver com as outras para encontrá-las.
Ah, e Clarice é deeva...